A eterna busca do final feliz e como isso nos impede de vivermos a felicidade em cada momento de nossas vidas
Vendo a
postagem sobre os diferentes tipos de amor da Monja Jetsunma Tenzin (não viu!? clique aqui) acabei perdida em pensamentos, dialogando internamente e lembrando
como esse amor romântico nos leva a esperar por algo que resolva nossos problemas
e traga a felicidade plena, ou o tão conhecido Final Feliz.
E viveram felizes para sempre.... é com
essa frase que normalmente terminam nossos amados contos de fadas. O que é
preciso para que esse final ocorra? A principio precisamos de uma princesa, uma
história cheia de percalços e por muitas vezes triste, e um príncipe que surge
do nada, em um cavalo branco, e resolve todos os problemas.
Epa, tu não é príncipe cara! ¬ ¬ |
Em 1986 Pedro
Bandeira, um autor de livros infanto-juvenis escreveu uma obra que questionava
esse final feliz. Em O Fantástico
Mistério de Feiurinha (que a Xuxa fez questão de estragar com o seu filme
¬¬ ) o autor começa perguntando, afinal de contas o que significa, para essas
princesas, viver feliz para sempre? Casar, ter filhos, reunir a família no
domingo pra comer macarronada, tudo isso pode ser legal, mas como ser feliz
para sempre sem aventuras, sem mais anões, espelhos mágicos, sapatos de
cristal?
Eu ainda tenho o meu! :3 |
Pedro Bandeira
com sua incrível imaginação nos expõe princesas com uma vida muito diferente do
que pensamos, Cinderela não aguenta mais os calos de seu sapato de cristal,
Rapunzel vive com dor de cabeça porque o príncipe esquece as chaves e fica lhe
pedindo que jogue suas tranças, Bela Adormecida vive dormindo pelos cantos, e a
coitada da Chapeuzinho virou uma tia solteirona, já que nunca encontrou um
príncipe no final de sua história. Todas, exceto claro nossa colega solteirona,
estão gravidas, comemorando suas bodas de prata, casadas com seus príncipes
encantados (que não tem outro nome a não ser encantado e por fim são todos parentes
hehe) e alfinetam-se sem parar para impor suas histórias como sendo as
melhores.
Os atuais
contos de fadas que estão aparecendo nos cinemas começaram a questionar essa
necessidade de um príncipe encantado para o final feliz. Valente, Malévola e
Frozen são bons exemplos. O amor, que é o item que resolve os problemas dessas
histórias, não surge de um relacionamento romântico, príncipe e princesa, mas
sim de laços familiares, amor de mãe, de irmã. Essa mudança tem um impacto
muito importante no publico.
Não! Peraí! Como assim??? oO |
Entender que
uma mulher não precisa de romance para ser feliz é algo que precisa ser muito questionado.
A figura feminina está intimamente ligada às emoções, somos classificadas como
o sexo frágil, consideradas choronas e totalmente dependentes do salvamento
externo. Os contos de fadas reforçaram a ideia que de apenas com um grande amor
a princesa será feliz no final. Branca de Neve jamais teria se livrado do
encanto sem o beijo do príncipe, Rapunzel não teria saído da torre se não fosse
seu amado, Bela Adormecida nunca teria acordado, e a Chapeuzinho, bem, a chapeuzinho
ainda tá solteira. Mas se prestarmos atenção nas histórias, veremos que as
princesas sobreviveram muito bem sem os príncipes. Como diz a querida Branca de
Neve no livro citado acima:
- (...) Príncipe de história de fada não serve
pra nada. A gente tem de se virar sozinha a história inteira, passar por mil
perigos, enquanto eles só aparecem no final para o casamento!
Prontas para a briga! |
Infelizmente
muitas mulheres ainda esperam pelo príncipe encantado para ser feliz. Mas a
realidade é que não precisamos de ninguém que nos complete para que isso
aconteça. Essa expectativa nos faz perder o foco das realizações diárias, das alegrias
momentâneas, porque normalmente só percebemos que estávamos felizes quando
perdemos o que possuíamos. A felicidade não é algo que vem e fica, sempre
teremos momentos de tristeza e alegria alternados em nosso dia-a-dia, esperar
pela felicidade eterna é viver frustrada com tudo e todos. Estar de bem consigo
é o verdadeiro felizes para sempre, a
monja Jetsunma (do post que citei lá no inicio) diz assim:
- (...) idealmente, as pessoas deveriam se
unir já se sentindo preenchidas por si mesmas e ficarem juntas apenas para
apreciar isso no outro, em vez de esperar que o outro supra essa sensação de
bem estar que elas não têm sozinhas. E isso gera muitos problemas. E Isso junto
com toda a projeção que vem do romance, em que projetamos nossas ideias,
ideais, desejos e fantasias românticas sobre o outro, algo que ele nunca será
capaz de corresponder. Assim que começamos a conhecê-lo, reconhecemos que o
outro não é o Príncipe Encantado ou a Cinderela.
Não tem nada de
errado em desejar encontrar o amor da sua vida, apenas tenha consciência que
você não precisa dele para ser plenamente feliz, seja feliz sendo você e busque
no outro um companheiro para compartilhar suas alegrias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigadão pelo comment!
Volte sempre!